domingo, 21 de outubro de 2012

"Sempre sonhei em ser radialista" diz Olga Bongiovanni

É coisa prostituta. Isso é o que dizia a família de Olga Bongiovanni quando ela revelou que sonhava em ser radialista. Esses comentários fizeram com que ela começasse a trabalhar escondida, aos 20 anos. Olga, entretanto, se decidiu pelo rádio ainda criança.
Em palestra no VI Ciclo de Comunicação Social do Comando Militar do Sudeste, ela revelou sua primeira impressão sobre o Exército, que imaginava que seria ruim, pela fama de má que tem a Força Armada: “O Exército sorri”.
A jornalista, aos 58 anos, relata que chorou muito quando o diretor de uma rádio a deixou, pela primeira vez, entrar num estúdio. “Na época, só tinha homem nesse meio. E havia muito preconceito em relação às mulheres. E eu ainda ia de pantufinha trabalhar”
Para ela, que se considera uma feminista, “mas não radical”, essa discriminação das mulheres era um grande erro, porque “a mulher é mais detalhista na comunicação”.
Em 1982, Olga foi contratada por uma emissora regional do Paraná, onde iniciaria sua carreira como apresentadora. Apesar disso, nada foi fácil. “Sacrifiquei muito a minha vida. Dei qualidade aos meus filhos, não quantidade. Não dei nada em quantidade, porque não tinha quantidade.”
A matéria-prima do jornalista, para Olga, é a leitura: “Biblioteca, e discoteca, são dois lugares em que a gente aprende muito”. Ela é apaixonada pelo papel. Quando vai postar algum texto no Facebook, escreve antes numa folha. “Meu ingrediente básico, além da leitura, é o sono”, afirmou, para a alegria geral dos presentes.
A determinação pela leitura fortalece o profissional da comunicação, segundo a apresentadora. E, fortalecido, o comunicador consegue entrar em uma discussão e ganhá-la. E isso faz crescer a credibilidade, já que o povo sabe quando o jornalista sabe. “O povo sabe quando você fala a verdade.”
Seu discurso, em um momento, remeteu ao falecido Clodovil e sua lente da verdade: “A lente da câmera não é a parte de uma máquina, é o olho do outro, é o olho do telespectador”.
Em plena era digital, Olga revela que ainda recebe cartas. “Eu sou amiga das pessoas, amiga de anos.” Os fãs pedem conselhos, contam as angústias, querem conversar. “As pessoas dizem: ‘Você entra na minha casa!’. É muito louco isso que o público te transfere.”
Por isso, ela é enfática ao dizer que quem está na Comunicação Social tem que se preparar, “tem que se preparar porque vai ser mais que um profissional, vai ser um amigo”.
No ar com a “Casa da Olga”, na ClicTV, a apresentadora, então, colocou o jornalismo como um “Dom”, haicai assinado por Helena Kolody: “Deus dá a todos uma estrela. / Uns fazem da estrela um sol. / Outros nem conseguem vê-la”.
Antes de sair para almoçar com os estudantes e os militares, ela reafirmou: “É preciso estar preparado. As pessoas chegam, tocam em você. As pessoas te abraçam e dizem que você é real. E isso, isso é muito forte”.

Fonte: www.reticenciajornalistica.wordpress.com

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